sexta-feira, 14 de agosto de 2009

O ARANZEL MANHOSO DE MANHA (por Gil Vicente)

"No recorde de mentiras e das mentiras, Manha escrevinha desta vez, digamos, um hipotético panegírico a Jesus.
Todavia, para além de o embrulhar num invólucro em que o desconcerto no fraseado é constante e evidente, Manha deixa no leitor um sentimento, digamos, de um destrambelhamento endémico.
A sensação é de um panegírico severamente envergonhado. Manha parece envergonhado da engenhoca laudatória e simultâneamente envergonhado de não gesticular perante o, esse sim, engenho e arte laureado e ao mesmo tempo motejado. O hipotético panegírico de Manha é, digamos, um simulacro de uma amanhação sofrível.
Manha escreve, a dada altura, que «Jesus não é seguramente o melhor treinador português, nem sequer entre s que trabalham em Portugal».
No seu desconcerto, ei-lo convicto (?) de que Jesus «pertence a uma categoria que se distingue da normalização em que se deixou cair quase toda uma geração de técnicos encostados à facilidade de imitar o modelo Mourinho».

Não sabemos se a última frase é um elogio ou um juízo de desvalor. Sabemos apenas e já que os ditos de Manha nem são carne nem peixe , que Manha dá uma no cravo e outra na ferradura, que agora diz que sim para logo a seguir dizer que não.

Aprecie-se criticamente esta longa cadeia de frases:

«Jesus não corre o risco de viver uma carreira de dez ou mais anos como treinador de alta competição sem que ninguém, mais tarde, se consiga lembrar de uma frase, de uma ideia, de uma diferença. Felizmente para ele, as frases darão compêndio, as ideias começam a fazer escola e a capacidade de fazer a diferença, as vitórias quotidianas do Benfica, pode projectá-lo para o patamar do genial».

Tudo parece muito bem, mas não está. Manha talvez goste de se exprimir num estilo grandíloquo mas perde-se no discurso do encadear das frases. No primeiro período, tudo bem, um elogio quanto baste mas escorreito.
Porém, na segunda frase surge o desconcerto e Manha entra a guerrear a sintaxe.
Em primeiro ligar, Manha não completa a frase «... e a capacidade de fazer a diferença...», entra noutra que também fica inacabada e sem sentido, «... as vitórias quotidianas do Benfica...», para terminar com o «... pode projectá-lo para o patamar do genial».
Quem é que o (Jesus) pode projectar? Na mente de Manha, quem será o subentendido e singular sujeito do "pode"?
Manha quer que creiamos estar ele a elogiar Jesus mas perde-se infantilmente no discurso.

Bastava este desconchavo sintáxico para me fazer torcer o nariz quanto às reais intenções laudatórias de Manha.
Mas há muito mais! Quase logo a seguir, Manha descobre um pouco a careca.

«O que mais assemelha Jesus à maioria dos treinadores portugueses mais banais, embora de nível IV, é nunca ter ganho nada.»

Para Manha, Jesus pertence «a uma categoria que se "distingue" da normalização», tem «capacidade de fazer a "diferença"», mas logo, logo se «assemelha»!....

Não vale a pena tentar indagar de Manha a sua coerência! Nem ele próprio será capaz de responder!
Por conseguinte, não é isso que me faz comichão, mas sim o dito «nível IV» que, ainda por cima, é uma sua benemérita concessão, ao que parece.
Concessão a quem? Conceder o tal «nível IV» é uma promoção ou uma despromoção?
Segredo do desconchavo de Manha, talvez mesmo para ele.

Manha também parece considerar banais - embora menos(!) - os treinadores portugueses que ganharam alguma coisa. Podia ter-nos dito quem eram eles e o que ganharam antes de estar no Benfica, no FC do Porto ou no Sporting!

Continuemos a apreciar o hipotético laudatício de Manha.

«Sem currículo, sem carisma, sem produção, sem marketing, sem agente nem agenda, Jesus, o treinador de futebol Jorge Jesus, é de uma raça em vias de extinção. Treinador tão banal que é capaz de perceber a valia dos jogadores, colocá-los nos postos mais indicados e, em simultâneo, construir uma equipa, dele nunca será possível dizer que, um dia, ainda fará algo que nos permitirá confirmar a sua competência».

Comecemos pela última frase «... dele nunca será possível dizer que, um diz, ainda fará algo que nos permitirá confirmar a sua competência».
Manha não tem qualquer receio do "nunca digas nunca"! Julgou e condenou, no paroxismo do seu asinário juízo, está julgado e condenado!
A competência de Jesus, no desassisado juízo de Manha, nunca poderá ser "confirmada"... e pronto!
Para Manha, nem sequer importa que, primeiramente, tenha profetizado que "qualquer coisa" na sua, ao que parece, conturbada mente pode «projectar Jesus para o patamar do genial»!
Daí que, apesar dos anteriores e hipotéticos elogios de Manha, Jesus seja agora premiado com a falta de "currículo", de "carisma" e com a "banalidade".
Conquanto, no escrevinhar de Manha, Jesus seja também simultâneamente um «treinador... capaz de perceber a valia dos jogadores, colocá-los nos postos mais indicados e, em simultâneo, construir uma equipa»!

Querem exemplos de maior tolice?!
Mas de Manha, não sei se apenas relativamente ao Benfica, os desconchavos não são nada que possa surpreender, são algo que faz parte da sua metafísica personagem!
Talvez seja por causa de tamanhos e asinários desconchavos, Manha é adivinho por uma vez, e apóstata da sua advinhança logo a seguir, de tal modo que não consta ter Manha, apesar do seu profetismo da tontaria, ganho vez alguma o "euromilhões"!

Manha é o panegirista - por favor, Benfiquistas, não se despistem na leitura! - envergonhado mais desavergonhado que os Benfiquistas conhecem!"


GIL VICENTE


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Palavras para quê?! Simplesmente BRILHANTE, caro GIL VICENTE!!

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3 comentários:

GIL VICENTE disse...

Linda Princesa

Não há dúvida de que, desta vez, não fui cuidadoso na correcção do texto.
Cometi aquilo que se designa por "lapsus Calami".
Os mais importantes:

"...gosto de grandíloquo" ... deve ser «...goste de se exprimir num estilo grandíloquo...»

"...quem será submetido" ... deve ser «...quem será o subentendido...»

2...sintaxixo"... deve ser «...sintáxico...»

Se o desejar, Linda Princesa, pode editar esta mensagem, corrigir os erros e voltar a publicá-la.

Fica ao seu critério!

E obrigado eu, Linda Princesa, por merecer tão elevada confiança.

Ana disse...

@ GIL VICENTE,
Deixe lá, acontece muitas vezes a quem escreve.
Já estão corrigidos. Não custa nada.
Não tem nada que agradecer.

beijinhos

GIL VICENTE disse...

Linda Princesa

É uma grande sorte para o nosso Glorioso ter tão lindas e apaixonadas Princesas.

E também para os que têm a suprema graça de poderem dizer que ela os considera seus amigos.

Beijinho